top of page

Inês Negra

  • Foto do escritor: Arcos Tour
    Arcos Tour
  • 10 de dez.
  • 3 min de leitura
Inês Negra

Era uma vez…

Ano de 1388, quando Portugal atravessava um dos períodos mais decisivos da sua história, o reino estava dividido entre os que apoiavam D. João I, defensor da independência portuguesa, e os que seguiam D. Beatriz, casada com o rei de Castela. A crise de 1383–1385 ainda não terminara no Minho, e por toda a fronteira multiplicavam-se as escaramuças. Entre as terras que escolheram o lado castelhano encontrava-se Melgaço, a vila fortificada mais a norte de Portugal. Dentro das muralhas viviam nobres e soldados que se tinham declarado a favor de Castela, fora delas, no campos, viviam muitos homens e mulheres que não se reviam nessa escolha. Entre essas pessoas encontrava-se Inês Negra.


Inês Negra

Não sabemos se nasceu em Melgaço ou se ali vivia como tantas mulheres do povo da Idade Média. Mas sabemos que era leal a Portugal. Quando percebeu que Melgaço apoiava Castela, Inês revoltou-se. E, num gesto raro para o seu tempo, abandonou o castelo, deixando para trás a sua casa e a sua rotina, e juntou-se ao exército português que cercava a vila sob ordem de D. João I.


Inês Negra

O cerco é uma das chaves desta história. Durante mais de cinquenta dias, o castelo viveu isolado. Os portugueses rodearam completamente a fortificação, impedindo entradas e saídas. Como o principal poço de Melgaço ficava fora das muralhas, a água começou a escassear. A comida também. O ambiente dentro do castelo era de tensão, cansaço e medo. Fora das muralhas, o arraial português ia crescendo, entre soldados, camponeses, mulheres e crianças que apoiavam D. João I. Entre eles estava Inês Negra, conhecida pelo seu temperamento firme e pela coragem pouco comum.


Inês Negra

Dentro das muralhas vivia outra mulher, a Arrenegada, castelhana por convicção, portuguesa de nascimento, rival antiga de Inês. As duas não se suportavam, e ambas defendiam aquilo em que acreditavam com ferocidade. Numa manhã tensa, quando o cerco parecia arrastar-se sem fim, a Arrenegada surgiu no alto das muralhas. Perante o arraial, gritou o nome de Inês Negra desafiando-a. O desafio surpreendeu soldados de ambos os lados, e até D. João I. Mas na Idade Média, quando um cerco se prolongava demasiado, aceitava-se por vezes resolver conflitos através de um combate singular, evitando mais mortes. Inês Negra não hesitou. Avançou para a clareira entre o arraial e as muralhas e aceitou o combate.


Inês Negra

O duelo começou à espada. A Arrenegada atacava com força, e Inês defendia-se como podia. Numa investida violenta, a Arrenegada fez a espada de Inês saltar das mãos. O arraial prendeu a respiração, parecia que tudo estava perdido. Mas Inês Negra não recuou. Com rapidez, agarrou a forquilha de um camponês e retomou o combate. A surpresa voltou-se contra a Arrenegada, e a luta equilibrava-se.


Inês Negra

À medida que o cansaço crescia, ambas largaram as armas e envolveram-se num combate corpo-a-corpo, duro, instintivo, feroz, como só duas mulheres determinadas conseguem lutar. Rebolaram pelo chão, empurraram-se, puxaram cabelos, resistiram com todas as forças. Até que, exausta e ferida, a Arrenegada vacilou, tropeçou e fugiu de volta para o castelo, tapando o rosto ensanguentado. A vitória era de Inês Negra.


Inês Negra

E assim, cumprindo a palavra dada antes do combate, no dia seguinte os castelhanos abriram as portas de Melgaço. Saíram sem armas, passando entre duas fileiras de soldados portugueses que observavam em silêncio a rendição. Melgaço era novamente português. O rei, impressionado com a coragem da mulher que fizera o que muitos homens não conseguiram, quis recompensá-la com ouro ou terras. Mas Inês Negra, com o orgulho de quem sabe o valor do que fez, respondeu apenas:

“Senhor, a minha recompensa é a sova que dei à minha inimiga.”

Inês Negra

Nada nos diz o que foi feito de Inês Negra após a vitória. Há quem diga que lhe foi condedida uma casa em Melgaço dentro da muralha. Talvez tenha regressado ao trabalho dos campos, talvez tenha ajudado o exército em outras tarefas. Como tantas mulheres fortes e silenciosas da Idade Média, terá continuado a sua vida sem esperar glória. Mas o povo não a esqueceu.


Inês Negra
Estátua Inês Negra - Melgaço

A sua coragem atravessou séculos. Passou de geração em geração, de boca em boca, até se tornar lenda, a lenda de uma mulher que, num tempo dominado por homens, teve a ousadia de alterar o destino de uma vila inteira. E é por isso que ainda hoje, em Melgaço, Inês Negra é lembrada como heroína: a mulher que lutou, venceu e devolveu Portugal aos portugueses.

Atividades:

Buggy • 3.5h

Buggy • 3.5h

Desde

195

Buggy �• 1h

Buggy • 1h

Desde

75

Voucher • Quad

Voucher • Quad

Desde

59

Buggy • Sunset • 2h

Buggy • Sunset • 2h

Desde

155

Quad �• 1h

Quad • 1h

Desde

59

Buggy • 2h

Buggy • 2h

Desde

125

Buggy �• 0.5h

Buggy • 0.5h

Desde

45

Quad • 2h

Quad • 2h

Desde

99

Voucher • Buggy

Voucher • Buggy

Desde

75

bottom of page