Era uma vez...
Uma velha senhora conhecida como a Velha Sarramalha ou Tí Sarramalha, que fazia parte de uma das aldeias de montanha da Serra do Soajo, no Parque Nacional Peneda Gerês. Em tempos passados, era um costume e necessidade, as pessoas das aldeias mais remotas atravessarem a serra para realizar transações comerciais, como batatas e gado, visto que viviam da agricultura e pastorícia. De exemplo é a Vila de Soajo, que para irem à Vila dos Arcos, tinham de atravessar a Portela do Mezio, na Serra do Soajo.
Numa dessas viagens, em pleno inverno, a Velha Sarramalha, carregando um saco de batatas à cabeça, acompanhava um grupo de pessoas em uma travessia à serra pela atual Rota dos Bicos. A Serra de Soajo é impiedosa no que toca à meteorologia, e instalado o nevoeiro frio e repentino, a velhinha foi ficando para trás, tornando-se impercetível para o restante do grupo.
Frágil, fria e cansada, a Velha Sarramalha pousou seu saco de batatas e sentou-se numa pedra para descansar. A noite fria da serra revelou-se implacável, e a velhinha, vencida pelo cansaço e pelas condições adversas, acabou por falecer no local.
Num ato simbólico e forma de prestar homenagem ao povo de outros tempos, foi colocada uma lápide da Cruz da Sarramalha no local onde ela foi encontrada sem vida (1916). A história destaca a vulnerabilidade humana diante da natureza, as dificuldades enfrentadas por aqueles que viviam nas serras em busca de meios de subsistência. Revela também a importância de cuidar dos mais velhos.
Rota dos Bicos
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